sábado, 28 de maio de 2011

Entrevista feita pelo Jornal Extra

Paulo Vanderlei

Paulo Vanderlei é Enge-nheiro Agrônomo formado pela Ufal. Professor da Ufal desde fevereiro de 1978, com dedicação exclusiva. Ingressou na pós-graduação em março de 1980 na ESALQ-USP. Obteve o título de Mestre em Genética e Melhoramento de Plantas em março de 1982 e o título de Doutor em Agronomia na Área de Genética e Melhoramento de Plantas em janeiro de 1983. Se tornando o primeiro doutor do CECA-UFAL e o primeiro doutor do Estado de Alagoas na área de Ciências Agrárias.

Eliane Cavalcanti


É bióloga formada pela UFRPE, com mestrado em Biologia Animal pela UFPE e doutora em Oceanografia Biológica da Escola de Enge-nharia da UFPE. Foi coordenadora do curso de Licenciatura em Biologia, desde a implantação do Campus de Arapiraca em 2006.2 até março de 2010, deixando o cargo de coordenadora, passando a assumir o de Diretora Acadêmica até o momento.

Quais os principais problemas da Ufal? Como resolvê-los?
Paulo Vanderlei - Os principais problemas da UFAL são: falta de segurança, infraestrutura precarizada, falta de gestão humanizada e acesso do restaurante para toda a comunidade acadêmica.

Quanto à falta de segurança, devemos melhorar e ampliar o Sistema de Vigilância Eletrônica, implantar Segurança Comunitária, garantir pelo menos um Vigilante por Prédio, e promover junto à comunidade do entorno ações educativas para sua inserção na Universidade e vice-versa.
Quanto à infraestrutura precarizada, devemos investir em construção de blocos de salas de aula nos Campi; implantação de um sistema de Internet eficiente para todos os Campi; ampliação e modernização dos sistemas de rede elétrica e hidráulica nos Campi; melhoria da acessibilidade em todos os Campi; implantação de Centro de Convivência em todos os Campi; implantação de um Projeto Paisagístico em todos os Campi; construção de campos de Futebol de Campo e Society e de ginásios poliesportivos em todos os Campi; entre outras ações.

Com relação à falta de gestão humanizada, devemos investir na valorização do servidor (professores e técnico - administrativos) e na adoção de uma política de qualificação permanente, além da recomposição do quadro funcional através de concurso público e ainda na implementação de um diálogo permanente com a comunidade acadêmica e sociedade alagoana.
Quanto ao acesso ao restaurante universitário, devemos adotar uma política que permita assegurar o acesso a toda comunidade acadêmica, mantendo a gratuidade a todos os estudantes que se encontram na faixa de vulnerabilidade social.

Principias projetos para interiorização da Universidade no Estado?

PV - O início de 2011 tem sido marcado, particularmente, por uma série de protestos e de reivindicações da comunidade acadêmica, com destaque para os Campi de Arapiraca e do Sertão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), no tocante ao funcionamento da instituição e às condições de infraestrutura básica para a boa execução do ensino, pesquisa e extensão.
Chama a atenção o envolvimento espontâneo não apenas de estudantes, mas de técnico-administrativos e de professores, numa clara demonstração de descontentamento e indignação dos que fazem a Ufal no interior do Estado com a insuficiente estrutura criada pela própria Universidade, para o devido funcionamento dos seus cursos, ao ponto de alguns deles sequer terem obtido conceito a partir da avaliação do Ministério da Educação (MEC), minimamente necessários para sua permanência, em um cenário de precariedade como foi o caso da Enfermagem, Agronomia e Medicina Veterinária.

A chegada da Ufal no interior representou, sem dúvidas, uma esperança para a inclusão social e o desenvolvimento sustentável do Estado de Alagoas, colocando o ensino público superior em locais com excessivas carências de conhecimento em todos os níveis, particularmente no nível superior. Nesta perspectiva, aproximadamente 4.500 estudantes passaram a ter uma oportunidade de acesso a Universidade, em busca de conhecimento, e os municípios uma oportunidade de fortalecer suas políticas públicas e de terem contato direto com a produção acadêmica, revertendo em benefícios para toda a região.

No entanto, os obstáculos encontrados dão conta de uma realidade distante ainda do potencial que a interiorização pode produzir. O tratamento dispensado pela atual gestão à interiorização é algo que merece a reflexão de toda a comunidade acadêmica da Ufal e de toda a sociedade alagoana. Mesmo contando com um corpo docente de alto nível e compromissado com a interiorização, os projetos pedagógicos dos cursos implantados, com um quadro reduzido de servidores, principalmente de docentes, comprometeram a qualidade do trabalho executado, em função de uma carga horária excessiva e de um número elevado de disciplinas por professor, além de outros fatores estruturais. O momento exige muita respon-sabilidade e compromisso coletivo com o desenvolvimento e o fortalecimento desses campi, pois do contrário estaríamos renunciando a possibilidade concreta de inclusão social e de desenvolvimento sustentável do Estado de Alagoas.

Nos estados próximos de Alagoas, a interiorização foi implantada e gerenciada com sucesso, a exemplo de Sergipe, Pernambuco, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte. Portanto, precisamos, na verdade, adotar uma política que permita eliminar as atuais limitações de curto, médio e longo prazo, acreditando que podemos construir uma Universidade mais atuante, progressista, de excelência acadêmica, participativa e comprometida na busca de uma sociedade igualitária, harmônica, com oportunidade para todos no interior e na capital.

O orçamento da Ufal é maior que de muitos municípios de Alagoas. Existe a possibilidade de ingerência de algum cacique político na sua gestão?

PV - O orçamento da Ufal é o terceiro maior de Alagoas, sendo superado apenas pelo orçamento do estado e do município de Maceió. Na nossa gestão não existirá, de forma alguma, a hipótese de ingerência político-partidária nos rumos da Universidade. Sou uma pessoa que não tem vínculo partidário. O meu único partido é a Ufal. Tenho 33 anos de vínculo com a Universidade em regime de Dedicação Exclusiva e não tenho nenhum interesse em seguir carreira político-partidária em nosso Estado e no País. Contudo, sei da importância dos partidos políticos para o desenvolvimento sócio-econômico e cultural do nosso País e da manutenção e aperfeiçoamento do processo democrático. Tenho livre acesso a todos eles e mantenho um relacionamento cordial, civilizado e de respeito com todos. Tenho, também, convicção de que o Reitor de qualquer Universidade deve ter um bom relacionamento com a bancada Fe-deral e Estadual de seu estado. Na nossa gestão não vai ser diferente, pois precisamos do apoio da bancada Federal e Estadual para a aprovação e ampliação do orçamento e dos projetos estruturantes da nossa Universidade.

Existe algum apoio político (partidário) da sua candidatura? De quem?

PV - Para construirmos a Ufal dos sonhos contamos com o apoio muito significativo da comunidade acadêmica (professores, técnico-administrativos e estudantes), que deseja mudança com responsabilidade, e de todos os setores da sociedade alagoana.

O modelo (Enem) de disputa para ingressa na Ufal é o ideal? (Se não) Qual seria?


PV - Nas regiões desenvolvidas onde o ensino médio é de qualidade o ENEM se apresenta como um mecanismo ideal de acesso a Universidade. Contudo, nas regiões onde o ensino médio é precarizado, como é o caso das escolas públicas de Alagoas, o ENEM não se apresenta como o mecanismo ideal para ingresso na Universidade, o que vem gerando um descontentamento generalizado da sociedade. Os egressos da Ufal, na sua grande maioria, já enfrentam um problema muito sério, pois não têm a oportunidade de competir em condições de igualdade com os egressos de outras Universidades, para a ocupação das posições de destaque nas instituições públicas e privadas. Agora temos um novo problema, os nossos estudantes do ensino médio, principalmente os das escolas públicas, estão enfrentando dificuldades para competir com os estudantes de outras regiões mais desenvolvidas para ingresso na Ufal, através do ENEM. Portanto, precisamos rediscutir o ENEM no âmbito da Universidade com a participação da sociedade alagoana, visando uma melhor forma de ingresso na Ufal que atenda os anseios de todos.

Projetos para reforçar a segurança da Universidade em Maceió?

PV - A falta de segurança na Ufal se constitui em um dos grandes problemas de permanência na Universidade. Portanto, devemos melhorar e ampliar o Sistema de Vigilância Eletrônica, implantar Segurança Comunitária, garantir pelo menos um Vigilante por Prédio, e promover junto à comunidade do entorno ações educativas para sua inserção na Universidade e vice-versa, além de efetivar parcerias com o governo estadual e municipal. Tudo isso visa transformar a Ufal em um ambiente seguro e motivador, tanto na capital quanto no interior.

Existe a intenção (durante sua gestão) de abrir vagas para concursos públicos?

PV - Sim. Precisamos defender junto ao Governo Fe-deral concurso público para novas contratações de efetivos em todos os setores da Universidade, pois o seu quadro é bastante reduzido, quando comparado com outras Universidades Federais do Nordeste.

O caos da unidade da Ufal em Viçosa é noticiado com frequência pela mídia local. Como solucionar tamanhas dificuldades estruturais?

PV - Como foi um erro grosseiro da gestão atual em separar os cursos da área de Ciências Agrárias com a implantação da interiorização da Ufal, o que vem provocando um caos na Unidade de Ensino de Viçosa, deveremos na nossa gestão corrigir esta distorção e investir em infraestrutura adequada para o bom funcionamento do curso que hoje se encontra sem conceito na avaliação do MEC.

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